"... parece-me ser a única maneira de fazer da vida moderna algo de misterioso ou maravilhoso. A mais comum das coisas pode tornar-se deliciosa, basta dissimulá-la..."
segunda-feira, 18 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
A vida pelos teus olhos simples...
"Andando, o principezinho encontrou um jardim cheio de rosas. Contemplou-as… Eram todas iguais à sua flor.E deitado na relva, ele chorou……E foi então que apareceu a raposa:- Bom dia, disse a raposa.- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…- Sou uma raposa, disse a raposa.- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.- Ah! Desculpa, disse o principezinho.- Que quer dizer "cativar"?- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços…"- Criar laços?- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo… Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:- Por favor… Cativa-me! Disse ela.- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…No dia seguinte o principezinho voltou.- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito… São precisos rituais.- Que é um ritual? Perguntou o principezinho.- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. (…)Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:- Ai! – Exclamou a raposa – Ai que me vou pôr a chorar…- A culpa é tua, disse o principezinho. Eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…- Pois quis.- Mas agora vais-te pôr a chorar!- Pois vou- Então não ganhaste nada com isso!- Ai isso é que ganhei! Disse a raposa. Por causa da cor do trigo… Anda, vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo. (…)- Adeus…- Adeus, disse a raposa. Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos…O essencial é invisível para os olhos – repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… Repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.- Os homens já se esqueceram desta verdade, disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa…" (in O Principezinho) Um beijinho muito grande e um bom início de semana!
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Vício de ti...
Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.
Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.
Enquanto a musica não me acalmar
não vou descer,
não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.
Não me esqueci,
não antevi,
não adormeci,
o meu víciode ti!
Levei-te à cidade,
mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atraí-te às minhas fontes
Por inspiração passámos
onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.
Enquanto a música não me acalmar
não vou descer,
não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
não percebo porque não esmorece
será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar
Não me esqueci,
não antevi,
não adormeci,
o meu víciode ti
Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
o meu vício de ti não vai passar,
não vai passar... (dos Mesa)
Porque há vícios que valem a pena!
Continuação de boa semana!!! Beijiiiiiiiiinhos :)
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Lavagem ao cérebro!!!
Às vezes, como hoje, sinto-me impotente perante certas situações. Sabem quando se tenta fazer o melhor que se pode e sabe e isso não chega?!? Pois... estou naqueles dias em que me apetecia fazer uma lavagem cerebral a algumas das minhas criaturinhas!!! Pfff... melhores dias virão e até lá vejam o que eu encontrei pra ali... aqueles erros maravilhosos de alunos do ano passado! Ao menos consegui sorrir um cadito :p!!! "O cais é tipo a entrada para o seu!" (experimentem ler à tia-o) "Gil Vicente manda os marinheiros combaterem o Adamastor!" (ahhh... ok!) "Demonstrar a realdade" (e quem sabe a malidade LOL!) "Até que Vasco da Gama utilizou o seu cérebro...!" (pois, era algo que ele não estava habituado a fazer, não é? LOL)
Enfim, até já me sinto melhor depois disto! Amanhã é outro dia :)!!! Muitos beijinhos ***
domingo, 3 de maio de 2009
Poema à mãe...
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme.
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
Um beijo especial para essa pessoa tão maravilhosa que amo de coração....
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sábado, 2 de maio de 2009
Entendendo o inimigo...
Estava outro dia à espera que a minha mãe fizesse uns exames médicos na clínica e folheava uma revista daquelas.... sabem?! "DAQUELAS".... Pahh, nada de pensamentos ordinarões ok?!? LOL Refiro-me a revistas cor-de-rosa (não havia nada melhor à mão, ta bem?!?)!!! E qual não é o meu espanto quando um texto me pisca o olho ;)!!! Era um texto pequeno, mas muito charmoso.... e o conteúdo então.... ui ui.... era de Paulo Coelho e "falava" sobre os inimigos: os outros e nós mesmos!!! Achei-o tão cheio de experiência de vida que resolvi apresentá-lo a vocês.... espero que gostem! O inimigo externo
- Eu estou quase morrendo - disse a serpente.
- Está muito frio, não há comida nesta montanha, por favor, me proteja! Coloque-me debaixo do seu casaco, salve minha vida, e eu serei sua melhor amiga.
Apesar da tempestade, a menina parou e começou a refletir. Olhou a pele dourada e verde da serpente, e disse para si mesmo que jamais tinha visto algo tão belo. Pensou o quanto deixaria com inveja os seus amigos de classe, ao aparecer com uma cobra que a defenderia de tudo. Finalmente disse:
- Está bem. Eu vou salvá-la, porque todos os seres vivos merecem carinho.
A cobra ficou amiga da menina, serviu para assustar as pessoas agressivas no colégio, fez companhia nos dias solitários. Até que uma noite, quando ela estava fazendo suas lições de casa, sentiu uma dor aguda no pé direito. Ao olhar para baixo, viu que a cobra a havia mordido. - Você é venenosa! - gritou. - Vou morrer logo! A cobra não disse nada. - Como você fez isso comigo? Eu salvei sua vida! - Aquele dia, quando você se abaixou para me salvar, sabia que eu era uma cobra, não sabia? E, lentamente, rastejou para fora. O inimigo interno Nasrudin viu um homem sentado na beira de uma estrada, com ar de completa desolação. - O que o preocupa? - quis saber. - Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida. Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada têm de novo para me dizer, e só conseguem aumentar meu tédio. "Enfim: posso dizer sem qualquer medo que apesar de tudo que fiz, não consegui encontrar a paz que buscava. Transformei-me em meu pior inimigo." Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas. Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detrás de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca, por causa do ladrão que encontrara. Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria, e agradeceu ao Senhor pela vida. "Certas pessoas só entendem o sabor da felicidade, quando conseguem perdê-la", pensou Nasrudin, olhando a cena.
O leitor Murali, um indiano, conta a história de uma garota, que resolveu subir até o alto de uma montanha para visitar sua avó. Chovia a cântaros, o vento frio soprava, e trovões pipocavam a cada segundo. Quando já estava quase chegando ao seu destino, sentiu algo roçando seus pés. Ao olhar para baixo, viu que era uma cobra.
- Eu estou quase morrendo - disse a serpente.
- Está muito frio, não há comida nesta montanha, por favor, me proteja! Coloque-me debaixo do seu casaco, salve minha vida, e eu serei sua melhor amiga.
Apesar da tempestade, a menina parou e começou a refletir. Olhou a pele dourada e verde da serpente, e disse para si mesmo que jamais tinha visto algo tão belo. Pensou o quanto deixaria com inveja os seus amigos de classe, ao aparecer com uma cobra que a defenderia de tudo. Finalmente disse:
- Está bem. Eu vou salvá-la, porque todos os seres vivos merecem carinho.
A cobra ficou amiga da menina, serviu para assustar as pessoas agressivas no colégio, fez companhia nos dias solitários. Até que uma noite, quando ela estava fazendo suas lições de casa, sentiu uma dor aguda no pé direito. Ao olhar para baixo, viu que a cobra a havia mordido. - Você é venenosa! - gritou. - Vou morrer logo! A cobra não disse nada. - Como você fez isso comigo? Eu salvei sua vida! - Aquele dia, quando você se abaixou para me salvar, sabia que eu era uma cobra, não sabia? E, lentamente, rastejou para fora. O inimigo interno Nasrudin viu um homem sentado na beira de uma estrada, com ar de completa desolação. - O que o preocupa? - quis saber. - Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida. Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada têm de novo para me dizer, e só conseguem aumentar meu tédio. "Enfim: posso dizer sem qualquer medo que apesar de tudo que fiz, não consegui encontrar a paz que buscava. Transformei-me em meu pior inimigo." Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas. Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detrás de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca, por causa do ladrão que encontrara. Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria, e agradeceu ao Senhor pela vida. "Certas pessoas só entendem o sabor da felicidade, quando conseguem perdê-la", pensou Nasrudin, olhando a cena.
Beijinhos e continuação de uma boa semana...
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